por Marcelo Henrique da Silva
Novembro/2011
Novembro/2011
O poeta é um fingidor, disse o poeta Fernando Pessoa.
O contador é um fingidor, como o poeta, digo; Eu, Contador. Finge completamente.
Finge a razão, e a sua falta; finge a padronização e a internacionalização; finge a folha, a escrita, o contrato; finge o tributário e o trabalhista. Finge completamente.
Santifica o costume, as crenças, o sistema dogmático... Hábito!
Vilém Flusser define hábito como a camada de algodão que encobre os fenômenos e ameniza as rebarbas. O natural mente, ainda, quando se transforma em hábito.
O hábito encobre o fingimento; nem sabe que esta fingindo. O natural mente.
Finge sem saber que finge; naturalmente.
Na alegoria da caverna, de Platão, a prática, o costume e a tradição seduzem os prisioneiros; permanecem naquela situação pelo hábito. Não conhecem a liberdade; seduzidos pelo hábito. Fingem sem saber; naturalmente.
A alienação é uma das fontes de prazer; evita-se a dúvida; segue-se...
Rubem Alves disse que o alienado é uma pessoa que está fora de si, caminha num mundo que não é seu; é do outro. Segue...
Sedução; hábito; fingimento.
Finge sem saber que finge.
Finge fiscal, folha, tributário, societário; finge contabilidade... Natural mente.
Finge sem saber que finge. Eu, contador.
E Zaratrusta assim falou com o povo: não me compreendem? Terei que principiar por lhes destruir os ouvidos para que aprendam a ouvir com os olhos?
Sem respostas, sigo o meu caminho, por linhas tortas, como descreveu o Manoel de Barros.
Não me compreendem?...
Marcelo Henrique da Silva, é contador em Londrina.
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