Antônio Lopes de Sá
A cultura é fruto da civilização; representa o progresso da mente humana, ou seja, a manifestação superior da razão.
Foi construída ao longo de milênios sendo hoje um acervo de conhecimentos resultado de sedimentação de esforços intelectuais.
A evolução da Contabilidade seguiu ao ritmo normal dessa marcha de valorização dos seres humanos e a partir das simples informações sobre o ocorrido com a riqueza chegou ao nível de explicação sobre os fatos informados.
Ou seja, cresceu de importância quando em vez de apenas registrar e demonstrar passou a opinar sobre os fatos, através do conhecimento racional das relações que se produzem na movimentação da riqueza patrimonial.
Milhares de mentes contribuíram para construir essa brilhante história das doutrinas.
Quando fervilhava a pesquisa para encontrar as verdades, guiada pela metodologia ou forma de pensar, edificaram-se as bases da ciência moderna, e, também, a contabilistica.
O estudo sobre as coisas e fatos relacionados ao ser humano que já havia sido considerado importante na filosofia grega, especialmente em Aristóteles e Platão, encontrou nas obras de Machiavelli um sabor especial no campo da gestão e no mesmo século com Ângelo Pietra no campo contábil.
A construção de conceitos, como bases para a formação de raciocínios lógicos conseguiu dar novas vestes ao conhecimento e assim se edificaram as doutrinas que seriam responsáveis por visões organizadas de um saber comprometido com a realidade.
A falta de conhecimento desse esforço feito no passado e, até de respeito aos valores intelectuais, tem, todavia, no curso do tempo, deformado realidades e imprimido retrocessos, ainda que aparentemente apresentados como “progressos”.
Essa a razão pela qual os conhecimentos de história e de filosofia das ciências são guias que não se podem abandonar quando a preocupação é a realidade.
Quem exerce uma profissão não pode desconhecer as referidas bases, sob pena de deixar-se influenciar por falsas culturas e de forma subserviente, ou, por comodidade, renunciar o intelecto.
Tal abdicação implica, inevitavelmente, negação à outorga do que de mais precioso o ser humano possui e que é a autonomia mental.
Estar a serviço de terceiros implica encargo duplo.
A responsabilidade defluente da confiança que se deposita em alguém tem seu relevo ostensivo no exercício das profissões; ao se confiar em um profissional representa traição, logo lesão ética, uma deturpada informação, uma opinião incoerente face à realidade.
A profissão impõe cultura como dever ético.
No exercício da referida ela está acima do homem e por isto deve ser, na expressão de Descartes uma “paixão”.
O grande filósofo, pai do Método Moderno, afirmou que se algo é menor que o ser pode gerar apenas estima; se é igual ao ser produz amor, mas, se é maior que o ser é “paixão”.
No profissional isso deve estar apoiado no desejo da verdade, esta que só na ciência é possível encontrar.
Tal estado de consciência deve ser inclusive o de uma comunidade de pessoas que estejam no desempenho de um trabalho que confiado na esperança do suprimento de uma necessidade.
O valor das doutrinas, pois, ao do homem se incorpora no desempenho das tarefas.
A dignidade perante o conhecimento requer a lealdade inerente à responsabilidade e esta no caso de um Contador está atada à verdade sobre o que informa e especialmente sobre o que opina.
Sem atribuir valor à doutrina nega-se a ciência e ao afastar-se desta se mergulha na falsidade.
Uma cultura científica se constrói doutrinariamente e esta a paixão pela verdade, aquela que no campo contábil representa o pleno cumprimento da Ética Profissional.
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