segunda-feira, 14 de abril de 2008

Visão dinâmica e contabilidade

Antônio Lopes de Sá



Os imensos recursos que hoje oferecem as doutrinas da Contabilidade permitem uma visão competente para orientar administrações, investidores, autoridades fiscais e judiciárias, em suma, tantos quantos necessitem entender sobre a “dinâmica dos capitais”.


Tal foi o progresso ocorrido que é impossível a quem não possua uma formação cultural específica interpretar a linguagem das demonstrações contábeis e até mesmo entender o que ela possa oferecer como recurso intelectual.


A visão antiga de que apenas guardar memória dos fatos e comprová-los era o bastante, ficou já há bastante tempo superada no tempo.


Entender o que se memoriza, reconhecer que existem fenômenos específicos a serem estudados relativos ao movimento do patrimônio, foi uma percepção que há mais de dois milênios e meio já estava despertada no oriente e entre pensadores da antiga Grécia.


Afirmou o grande pensador Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) que havia uma ciência que cuidava da riqueza dos indivíduos e que essa não era a Economia, mas, sim um conhecimento distinto (obra “A Política”).


Na antiga Índia, Kautylia em seu famoso “Arthasastra” (300 a.C.) já evidenciava conhecimentos da área contábil e os tratava como algo específico.


Consultores contábeis, ao longo do tempo manifestaram suas opiniões e foi um deles, famoso em sua época, o precursor da construção de uma disciplinada forma de entender os registros.


Refiro-me a Ângelo Pietra que em 1586 empreendeu o passo decisivo para a edificação científica da Contabilidade, produzindo conceitos básicos.


A partir das formações conceituais surgiram as Teorias, inicialmente de natureza limitada à “forma”, mas, depois, no século XIX, objetivando a “essência”, ou seja, o “patrimônio”.


A partir dos estudos que se realizaram posteriormente (já nos fins do século XVIII) a Contabilidade foi finalmente consagrada como ciência (1836) pela mais famosa entidade intelectual do mundo de seu tempo, a Academia de Ciências da França (a mesma que dentre outras abrigou as teses de Lavoisier, pai a Química Moderna e Pasteur, pai da Microbiologia).


Há, pois, cerca de dois séculos que a Contabilidade foi reconhecida como conhecimento específico de ordem superior, competente para acompanhar a dinâmica da riqueza e interpretá-la com segurança.


Os estudos avançados do século XX elevaram todo o acervo do passado a um patamar expressivo e a mais moderna corrente científica, o Neopatrimonialismo Contábil, acolheu e produziu em sua doutrina um expressivo número de modelos de comportamento dinâmico da riqueza dos empreendimentos (sobre os mesmos sugiro consulta à minha obra “A Moderna Análise de Balanço ao Alcance de Todos”, Editora JURUÁ).


Os referidos modelos sustentam hoje o “Axioma” da “Prosperidade”, ou seja, o grande objetivo de tornar a riqueza útil de forma constante.


Tão específico tornou-se tal conhecimento que só especialistas com boa formação cultural conseguem exercê-lo em nível de análise, perícia, auditoria, custos, planejamento, controle e consultoria.


Nos países desenvolvidos e em muitos “emergentes” em suas economias, os Contadores são imprescindíveis no assessoramento dos negócios e da gestão, não apenas como “informantes”, mas, especialmente como “consultores”.


Em minha longa carreira profissional tive ocasião de presenciar sucesso e fracasso de empresas de acordo com a qualidade do conhecimento contábil a elas oferecido e por elas utilizado.


O mau uso do conhecimento especializado ou a ausência dele tem sido responsável por um sem número de fracassos nos empreendimentos; tal fato, entendo, responsabiliza duplamente – ao usuário e ao profissional.

Ou seja, os que deixam de recorrer aos especialistas e os especialistas que não sabem socorrer são, ambos, os grandes responsáveis pela maioria dos fracassos no mundo dos negócios.

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