Sem dúvida esta não foi a postagem que gostaria de fazer em meu Blog. Mas sem dúvida uma justa homenagem ao maior pesquisador das ciências contábeis do Brasil, um escritor compulsivo, que dominava a arte de escrever e articular as idéias de maneira única. Formulador de uma nova teoria contábil chamada de neopatrimonialimo (aqui e aqui), a qual fundamenta suas publicações e palestras.
Tenho a grata lembrança de diariamente trocar e-mails com este que foi um grande professor para mim, e de ter estado pessoalmente com o mesmo em seu escritório e em sua residência, onde fomos recebidos afetuosamente e tivemos a oportunidade de conhecer parte de sua vastíssima biblioteca e discutir desde assuntos relacionados à família, artes, história colonial brasileira, em especial das Minas Gerais, até os mais atuais assuntos da contabilidade.
Em outubro passado estivemos juntos em um grande encontro de contabilidade na UFMG, no qual ele foi um dos palestrantes. Noite memorável, da qual guardo com carinho a filmagem que fiz da palestra.
A perda não é apenas da família Lopes de Sá, mas de toda comunidade contábil brasileira, que perde o seu maior escritor, maior em todos os aspectos, são quase 200 livros (muitos em várias edições), artigos incontáveis, presença constante em seminários e congressos internacionais. Maior também em termos de profundidade e clareza na exposição. Seus artigos, mais de 13.000 (dados de 2006) foram editados em jornais e revistas do Brasil, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Itália, Espanha, Portugal, dentre outros (CARDOSO& ROCHA. Lopes de Sá: excelso cinetista e contabilista. Curitiba: Juruá, 2006)
Suas idéias combatidas em alguns círculos contábeis nunca teve um texto "científico" publicado capaz de sobrepor às suas teorias. Nenhum!
Tenho a grata lembrança de diariamente trocar e-mails com este que foi um grande professor para mim, e de ter estado pessoalmente com o mesmo em seu escritório e em sua residência, onde fomos recebidos afetuosamente e tivemos a oportunidade de conhecer parte de sua vastíssima biblioteca e discutir desde assuntos relacionados à família, artes, história colonial brasileira, em especial das Minas Gerais, até os mais atuais assuntos da contabilidade.
Em outubro passado estivemos juntos em um grande encontro de contabilidade na UFMG, no qual ele foi um dos palestrantes. Noite memorável, da qual guardo com carinho a filmagem que fiz da palestra.
A perda não é apenas da família Lopes de Sá, mas de toda comunidade contábil brasileira, que perde o seu maior escritor, maior em todos os aspectos, são quase 200 livros (muitos em várias edições), artigos incontáveis, presença constante em seminários e congressos internacionais. Maior também em termos de profundidade e clareza na exposição. Seus artigos, mais de 13.000 (dados de 2006) foram editados em jornais e revistas do Brasil, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Itália, Espanha, Portugal, dentre outros (CARDOSO& ROCHA. Lopes de Sá: excelso cinetista e contabilista. Curitiba: Juruá, 2006)
Suas idéias combatidas em alguns círculos contábeis nunca teve um texto "científico" publicado capaz de sobrepor às suas teorias. Nenhum!
Ele estava adiante de seu tempo. Um exemplo disto foi o fato de que quando a Lei das S/A foi editada em 1976 ele escreveu um livro específico para comentá-la, com elogios e críticas: "Aspectos contábeis da nova lei das sociedades por ações" (Atlas, 1979). Ao reler esta obra no ano passado, passei um e-mail ao professor, cujo trecho transcrevo a seguir:
Estou relendo sua obra "Aspectos Contábeis da nova Lei das S/A" (2. edição Atlas, 1979). Cada página uma pérola. Esta obra merecia ser republicada com a inclusão de comentários às alterações posteriores da 6.404, mantendo as críticas originais e mostrando como boa parte delas foi acatada ao longo dos anos, em especial com a Lei 11.638 e MP 449 (Lei 11.941).
a) Páginas 58-59.
É demonstrado o erro no elenco de contas nas "Reserva de Capital", afirmando que boa parte das mesmas deveriam primeiramente transitar pelo Resultado. O que hoje as ditas normas vieram implantar, a exemplo do prêmio na emissão de debêntures.
b) Páginas 42-43
É criticada a inserção de parte dos "intangíveis" como "imobilizado" e "diferido", citando inclusive o Plano Goering e D'Ippolito. As normas hoje mostram que o Intangível deve estar em um subgrupo específico.
c) Páginas 53 e seguintes
Deixado claro como era ilógico o grupo "Resultado de Exercícios Futuros", que veio a ser extinto com a nova redação da Lei. Inclusive a nova redação segue parcialmente a sua indicação de evidenciação no Balanço de tais receitas e despesas.
d) Páginas 77 e seguintes
Estoque: Valor de Mercado - Demonstrado claramente aspectos conceituais e os risco na sua avaliação.
Vou parar por aqui, pois inúmeras são a incoerências e erros pelo senhor apontadas que agora são reconhecidos pelos autores da "nova contabilidade".
Creio que daria um bom artigo, onde o senhor mostraria que as "novidades" são na verdade à volta, ainda que tímida, à razão. Em outras palavras, o reconhecimento que quando de sua edição em 1976, a Lei 6404 não seguiu um linha científica contábil.
a) Páginas 58-59.
É demonstrado o erro no elenco de contas nas "Reserva de Capital", afirmando que boa parte das mesmas deveriam primeiramente transitar pelo Resultado. O que hoje as ditas normas vieram implantar, a exemplo do prêmio na emissão de debêntures.
b) Páginas 42-43
É criticada a inserção de parte dos "intangíveis" como "imobilizado" e "diferido", citando inclusive o Plano Goering e D'Ippolito. As normas hoje mostram que o Intangível deve estar em um subgrupo específico.
c) Páginas 53 e seguintes
Deixado claro como era ilógico o grupo "Resultado de Exercícios Futuros", que veio a ser extinto com a nova redação da Lei. Inclusive a nova redação segue parcialmente a sua indicação de evidenciação no Balanço de tais receitas e despesas.
d) Páginas 77 e seguintes
Estoque: Valor de Mercado - Demonstrado claramente aspectos conceituais e os risco na sua avaliação.
Vou parar por aqui, pois inúmeras são a incoerências e erros pelo senhor apontadas que agora são reconhecidos pelos autores da "nova contabilidade".
Creio que daria um bom artigo, onde o senhor mostraria que as "novidades" são na verdade à volta, ainda que tímida, à razão. Em outras palavras, o reconhecimento que quando de sua edição em 1976, a Lei 6404 não seguiu um linha científica contábil.
Deste e-mail o professor escreveu uma contundente reflexão "A nova tão antiga contabilidade".
Quem lê as mesmas coisas e os mesmos autores apenas reproduz conhecimento (assista aqui a palestra: o perigo de uma única história). A verdadeira ciência se faz com o debate e críticas, conhecimento que não pode ser falseado não é ciência. Perde quem não lê as obras de Lopes de Sá, ou quem somente as lê. Temos que desenvolver um saber contábil mais crírtico e profundo.
Antes de ontem enviei ao Prof. Lopes de Sá o link do vídeo acima "o perigo de uma única história" e ontem pela manhã recebi seu último e-mail, que dizia:
"Grato amigo professor Alexandre.
Fez-me lembrar a HISTORIA ÚNICA que no Brasil se está contando sobre as Normas...
Sobre isso muito escrevi em meus livros de Ética, ou seja - a mídia é pior que o ópio...
Abraços amigos.
Lopes de Sá"
O país fica com uma enorme lacuna, a classe contábil brasileira perde seu maior referencial.
Sua mais recente obra "Normas Internacionais e Fraudes em Contabilidade - Análise Crítica Introdutiva Geral e Específica" fica como um marco das crítica contundentes que ele fazia à convergência do Brasil às IFRS. Esta obra servirá como referência à todos os pesquisadores brasileiros.
Antonio Lopes de Sá
09.04.1927 - 07.06.2010
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.
(AAS)
(AAS)
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